Imagens de animais no Ms. 1 Azul da Academia das Ciências de Lisboa: coerência simbólica e estímulo à reflexão
DOI:
https://doi.org/10.14198/itaca.28527Paraules clau:
Animais, Iluminuras, Crónica de 1344, manuscrito 1 Azul ACL., exegese, Bestiários, Livros das aves, cultura medievalResum
Estudo de um conjunto de iluminuras com representações de animais existentes no ms. 1 Azul da Crónica de 1344, atualmente na Academia da Ciências de Lisboa. Defende-se que estas imagens (que têm sido consideradas e estudadas sobretudo pela sua vertente decorativa) transportam uma carga semântica significativa que interpelaria o público que observasse o códice e tivesse capacidade exegética para o ler em todas as suas dimensões. Para atestar esta posição, as imagens são trianguladas com o texto da crónica e com os significados atribuídos a esses animais em bestiários, livros das aves e na tradição bíblica. Numa primeira parte, estuda-se a coerência da presença de imagens de uma determinada criatura (o dragão) em pontos-chave da narrativa, funcionando como dispositivos de alerta para momentos mais fraturantes da história peninsular (pecados, dissensões, invasões). Seguidamente, na segunda parte, são apresentadas leituras holísticas de dois quadros, formados pelo códice aberto. Nestes fólios, existem imagens de animais diversificados, como leões, águias, cães, carneiros, cervos e leopardos, que, tendo em conta a sua dimensão simbólica, mostram ter uma valência de estímulos, enquanto promotores de reflexões sobre temas éticos e morais, de caráter abstrato, no que se refere à profundidade semântica atribuída aos animais, mas que também encontram uma certa concretização nos episódios relatados pelo texto da crónica. Os resultados do estudo permitem ressaltar a pertinência da aplicação desta chave interpretativa.
Finançament
Este trabalho integra-se no projeto «Castilla y Portugal en la Baja Edad Media: contactos sociales, culturales y espirituales entre dos monarquías rivales (s. XIII-XV)» – referência PID2020-114722GB-100 - Agencia Estatal de Investigación (AEI), Ministerio de Ciencia e Innovación, del Gobierno de España. Agradeço à Academia das Ciências de Lisboa a disponibilização online do códice e a autorização para a respetiva reprodução de imagens.Referències
Amado, Teresa. (1999-2000). As Imagens e o Texto Manuscrito Iluminado da Crónica Geral de Espanha de 1344. Ariane. Revue d'études littéraires françaises. 16, 35-49.
Amado, Teresa. (1999). O projecto histórico de um infante. In Isabel Hub Faria (org.), Lindley Cintra. Homenagem ao Homem, ao Mestre e ao Cidadão (pp. 303-309). Cosmos-FLUL.
Arizaleta, Amaia. (2005). Una historia en el margen: Alfonso VIII de Castilla y la Judía de Toledo. Cahiers d'Études Hispaniques Médiévales. 28, 37-68. https://doi.org/10.3406/cehm.2005.1694
Carruthers, Mary. (1992). The book of Memory: a Study of Memory in Medieval Culture. Cambridge University Press.
Cederholm, Erika Andersson; Björck, Amelie; Jennbert, Kristina & Lönngren, Ann-Sofie (eds.) (2014). Exploring the Animal Turn. Human-Animal Relations in Science, Society and Culture. Pufendorfinstitutet.
Cigada, Sergio (1965). La leggenda medievale del Cervo Bianco e le origini della "matière de Bretagne". Accademia Nazionale del Lincei.
Cintra, Luís Filipe Lindley (ed.) (1951-vol. I; 1961-vol. III e 1990-vol. IV). Crónica Geral de Espanha de 1344. IN-CM.
Clark, Willene B. (2006). A Medieval Book of Beasts. The second-family bestiary: commentary, art, text and translation. The Boydell Press.
Dias, Isabel Barros (2023a). Imagens e imaginário no ms. da Academia das Ciências de Lisboa da Crónica de 1344. In C. F. Blanco Valdés & E. Borsari (Eds.). Pervivencia y Literatura: documentos periféricos al texto literário (pp. 243-257). Cilengua.
Dias, Isabel Barros (2023b). Metáfora animal e exortação à reflexão no ms. da Crónica de 1344 da Academia das Ciências de Lisboa. In C. Álvares & S. G. de Sousa (eds.). Limiares Homem Animal na Literatura e na Cultura da Idade Média (pp. 189-204). Peter Lang.
Gonçalves, Maria Isabel Rebelo (ed. e trad.) (1999). Livro das Aves. Colibri. Isidoro de Sevilla. (1982). Etimologías. José Oroz Reta; Manuel-A. Marcos Casquero, & Manuel C. Díaz y Díaz, (ed. e introd.), BAC.
Nunes, Irene Freire. (ed.), et alii (2008). Horto do Esposo. Colibri. Lubac, Henry de (1959, 1961, 1963). Exégèse Médiévale. Les quatre sens de l'écriture. Aubier. Ms. 1 Azul da Academia das Ciências de Lisboa - Chronica de Hespanha.
Martín Pascual, Llúcia (1996). La tradició animalística en la literatura catalana medieval. Institut de Cultura «Juan Gil-Albert»
Martín, Llúcia (Ed.). (2022). Bestiari medieval. Editorial Barcino.
Nascimento, Aires A. (2001). «Texto e imagem: autonomia e interdependência em processo de leitura». In António Branco (coord.), Figura. Actas do II Colóquio da Secção Portuguesa da Associação Hispânica de Literatura Medieval (pp. 9-86). DLCM-FCHS-UAlg.
Nascimento, Aires A. (2012). As livrarias dos Príncipes de Avis. In Ler contra o tempo (I, pp. 249-267). Centro de Estudos Clássicos.
Nascimento, Aires A. (2019). Crónica (Geral) de Espanha de 1344: o códice medieval da Academia das Ciências de Lisboa, - em encadernação recuperada e em revisitação de leituras. Conferência apresentada na Academia das Ciências de Lisboa a 28/02/2019 (texto oferecido pelo autor).
Pandiello, María (2016). Las imágenes de la Crónica Geral de Espanha de 1344 (Ms. 1 Azul de la Academia das Ciências). Filiaciones artísticas y pautas iconográficas. e-Spania. 25. https://doi.org/10.4000/e-spania.25893
Panunzio, Saverio (ed.). (1963). Bestiaris, Barcino.
Pastoureau, Michel. (2004). Une histoire symbolique do Moyen Âge occidental. Seuil.
Peixeiro, Horácio Augusto. (2009). Imagem e Tempo. Representações do Poder na Crónica Geral de Espanha. Revista de História da Arte, 7, 153-177.
Ritvo, Harriet. (2007). On the animal turn. Dædalus. Journal of the American Academy of Arts & Sciences, 136 (4), 118-122. https://doi.org/10.1162/daed.2007.136.4.118
Rodríguez Porto, Rosa M. (2016). La Crónica Geral de Espanha de 1344 (ms. 1 A de la Academia das Ciências) y la tradición alfonsí. e-Spania. 25. https://doi.org/10.4000/e-spania.25911
Rossi, Nino (ed. lit.). (1965). Livro das Aves. Instituto Nacional do Livro.
Tibúrcio, Catarina. (2013). A iluminura do Manuscrito 1 Série Azul da Crónica Geral de Espanha de 1344 da Academia das Ciências de Lisboa: da técnica e do estilo individual ao posicionamento no seu ambiente criador. Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras (Mestrado em Arte, Património e Teoria do Restauro).
Tibúrcio, Catarina. (2016). O manuscrito da Crónica Geral de Espanha de 1344 da Academia das Ciências de Lisboa. Problematização em torno das questões da origem e da execução. In J. R. Melo & L. U. Afonso (Eds.). O fascínio do Gótico. Um tributo a José Custódio Vieira da Silva (pp. 87-104). Artis - IHA-FLUL.
Tibúrcio, Catarina. (2018). A moda no M.S.A. 1 da Crónica Geral de Espanha de 1344. Contributo para a datação da iluminura. In J. M. Salvador González & M. C. da Silva (Org.), Mirabilia Ars, 8 (1), 43-67.
Zambon, Francesco, et alii (a cura di). (2018). Bestiari tardoantichi e medievali. I testi fondamentali della zoologia sacra cristiana. Bompiani.
Descàrregues
Estadístiques
Publicades
Com citar
Número
Secció
Llicència
Drets d'autor (c) 2025 Isabel Barros Dias

Aquesta obra està sota una llicència internacional Creative Commons Reconeixement-NoComercial-CompartirIgual 4.0.


